terça-feira, 3 de agosto de 2010

Mude antes que precise

É preciso estar satisfeito para operar a mudança. Mudar de karma não pode gerar insatisfação pelo karma actual. 
Claro que quando queremos mudar supomos que será para algo melhor. Porém, quando não estamos bem só queremos mudar, não importa tanto para quê ou para onde desde que mudemos. Não temos o distanciamento emocional, a lucidez para discernir se a mudança que vamos operar será efectivamente uma mais valia para nós.
Por outro lado, se mudarmos quando estamos bem, quando estamos confortáveis, então iremos efectuar essa transição no momento e da forma que nos for mais oportuna e conveniente.
As mudanças a operar devem graduais, com pequenas alterações incrementais: se radicalizarmos demais não aguentamos o impacto dessa transformação Se mudarmos aos poucos, ao longo dos anos, quando nos apercebermos da mudança ela foi muito grande; mas se tivesse ocorrido logo, de uma só vez, teria sido uma violência para nós.
Para facilitar essa evolução precisamos conhecer as suas características e funcionamento. Entendendo o seu mecanismo específico de actuação podemos utilizá-lo a nosso favor. Para mudar de karma é necessário vivêka (discernimento), sankalpa (intenção) e bháva (sentimento profundo).
O discernimento permite-nos a compreensão de quem somos e do que queremos mudar. É necessário aceitar o que somos e como somos. O sádhana dá-nos essa consciência de nós próprios, permite-nos centrar no aqui e no agora. O discernimento sobre as suas capacidades implica também desenvolver o auto-estudo, swádhyáya. É necessário primeiro conhecer os nossos limites para os ultrapassarmos em seguida, auto-superando-nos, tapas, no sentido da mudança pretendida.
Após tomarmos consciência que é necessário encetar mudanças precisamos de um outro factor que a faça ocorrer: sankalpa. Sankalpa é a intenção que dinamiza a acção. Antes de realizarmos algo criamos imagens mentais que facilitam a sua concretização na prática. É como uma força interior, activada pelo poder da mentalização do que desejamos, capaz de impulsionar a acção.
Bháva é a emoção, o entusiasmo, o sentimento que confere força a tudo o que nós fazemos. No ashtánga sádhana, o bháva faz detonar estados de consciência mais subtis. Neste contexto de mudança, também o podemos considerar como a força de vontade, o nível de energia necessário para concretizar a tomada de decisão.

Sem comentários:

Enviar um comentário